domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vacina contra aids está mais próxima


A revista Science recentemente publicou o resultado de um estudo realizado pelo Instituto
Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAH). O artigo relata a descoberta dos
anticorpos VRC01 e VRC02, que têm como propriedade uma alta capacidade neutralizante do vírus HIV. O significado desta descoberta agitou o mundo científico, pois o reconhecimento da existência deste mecanismo imunológico permite-nos pensar no uso destes anticorpos tanto para o tratamento de pessoas já infectadas, tal qual se faz na soroterapia em várias doenças, como para o desenvolvimento da tão esperada vacina contra o HIV.

Até o momento, após quase 30 anos de flagelo com esta pandemia que assola o mundo, as
perspectivas de ter uma vacina era desalentadora, mesmo com as milhares de pesquisas
realizadas no mundo todo. Infelizmente, a grande variabilidade genética do vírus HIV produzida durante a infecção não tinha permitido a identificação de uma estrutura viral estável que permitisse o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes, capazes de inativar a maioria das variantes virais circulantes. Estudos anteriores haviam identificados anticorpos que conseguiram neutralizar no máximo 40% destas diferentes formas de HIV1. No entanto, os anticorpos ora identificados como VCR01 e VCR02 mostraram-se capazes de neutralizar 90% das formas circulantes. Isso abre um novo campo para o desenvolvimento de uma vacina, a partir da identificação de uma área estável e de anticorpos eficazes.
Esse estudo, portanto, é muito promissor. Provavelmente permitirá que se reconheça o
mecanismo de produção desses anticorpos com alto poder neutralizante.

 É possível imaginar que se consiga provocar artificialmente uma produção contínua e suficiente destas imunoglobulinas nas pessoas, impedindo que o HIV estabeleça a infecção. Isso significaria dotar a população humana de um sinalizador imunológico adequado para a produção desses anticorpos.

Para se chegar a um produto final de vacina ainda há muito trabalho a ser feito. Esse estudo
paradigmático precisa ser ampliado. Há a necessidade de envolver mais grupos de pesquisa, maiores recursos financeiros e principalmente um comprometimento da comunidade internacional para assegurar essa prioridade da saúde pública mundial.
A disponibilidade de uma vacina contra a Aids, significaria evitar 2 milhões de mortes ao ano e 3 milhões de novas infecções, alémeconomizar milhões de dólares.

A exemplo do grande sucesso já atingido com a erradicação da varíola, a eliminação da
poliomielite, o controle do sarampo, da rubéola congênita, tétano e difteria, uma vacina contra a Aids precisa ser um objetivo global. * É professor adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da UnB. Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP e doutorado em Saúde Coletiva pela UNICAMP emcolaboração coma University of California of San Francisco-UCSF.

fonte:http://portal.saude.gov.br

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