quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lamentações na cama

Satisfação plena no sexo, convenhamos, não é coisa muito garantida. As peças do quebra-cabeças do prazer nem sempre se encaixam perfeitamente e o resultado é uma sensação de "quase lá". Mas alguns desencaixes extrapolam quando se tornam rotina. São as famosas queixas sexuais que, nos consultórios de sexologia ou nos animados papos de banheiro feminino, marcam presença em busca de uma solução - que precisa ser tomada dentro e fora da cama.

Os mitos e mistérios do orgasmo ainda são, segundo os sexólogos, as maiores fontes de dúvidas e queixas sexuais. A dificuldade e a pouca frequência com que se chega do clímax raramente têm causas orgânicas. Fatores educacionais e culturais repressores são as maiores razões para a anulação do prazer. "Eu acho que só fui gozar uns cinco anos depois de perder a virgindade. Mas só aprendi como a coisa funciona pela masturbação. Vi como meu corpo reagia, o que eu gostava, o que não gostava. Hoje em dia sei bem as posições que me favorecem mais", comenta a bancária Mirian Bregman.

O sexólogo e ginecologista Gerson Lopes confirma que se permitir a esse conhecimento é a melhor forma de se proporcionar o clímax. "É muito mais fácil quando se sabe o funcionamento do próprio corpo e isso se dá com mais sucesso fantasiando a partir do toque. Depois, com o parceiro, ela vai buscar estímulos mais efetivos no clitóris, como sexo oral ou uso de massageadores e vibradores. Eu só não recomendo o uso do lençol ou da fricção entre as coxas porque isso vai criar a dependência de um artifício", recomenda.
Gerson ressalta a crueldade do que chama de "ditadura do orgasmo". "Ela é uma das maiores violências domésticas que nós temos hoje. Vejo mulheres entrando em depressão porque não conseguem chegar até ele", comenta. O problema começa entre os mitos que rondam o prazer feminino. "Entre as jovens, a internalização dessa obrigação é maior. O orgasmo vem permeado de uma série de mentiras como de que existem dois tipos, clitoriano e vaginal; que tem de ser simultâneo; que tem de ser no coito. E a confusão de que orgasmo e prazer são sinônimos. Não são", comenta.

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